Salvador reconhece Casa de Ògún como patrimônio histórico
Espaço é o único no Brasil de culto à divindade que segue os ritos como na África
Foto: Valter Pontes/Secom
A Prefeitura de Salvador, por meio da Fundação Gregório de Mattos (FGM), realiza o tombamento da Casa de Ògún, com objetivo de preservar bens de valor histórico, cultural e arquitetônico. A cerimônia acontece na próxima segunda-feira (13), na sede do terreiro, localizado na Praça Alcebíades Damasceno, 131, Candeal Pequeno/Brotas.
A Casa de Ògún é o único espaço de culto à divindade no Brasil, seguindo e mantendo os mesmos ritos como ocorre em África, onde cada região cultua uma divindade da diáspora africana. Essa é uma tradição bicentenária, implantada por uma princesa e sacerdotisa nigeriana, que foi responsável pela compra do terreno e da liberdade de um escravizado, com que se casou.
Ambos realizaram o primeiro casamento na Igreja de Brotas e, ao oficializar a união no Brasil, passaram a ser chamados por Manoel Mendes e Josepha de Sant’Anna, conforme os ritos de batismo da Igreja Católica. Mendes, então, presentou sua esposa com uma pedra – Okutá – que havia trazido de África. O objeto, que era do tamanho de uma semente de jaca primeiramente, vem crescendo ao longo do tempo.
Por meio de solicitação formulada pela Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro Ameríndia (AFA), o processo de tomabmento se iniciou em 2019. Para Dona Didi, Mãe de Santo do terreiro, esse é um grande momento para a Casa de Ogum: “me sinto honrada, de chegar nesta idade, com mais de 100 anos, a frente desse espaço valioso para todos nós. Tenho a felicidade de participar de um momento ímpar com a lucidez garantida por Deus e os Orixás”, expressa a Ialorixá que completará 103 anos, próximo dia 24.
O tombamento da Casa de Ògún faz parte do Programa Salvador Memória Viva, que prevê uma série de ações de preservação dos bens materiais e imateriais de nossa cidade e de educação patrimonial. Para alcançar esse objetivo de uma forma ampla e contínua, a FGM investe esforços para o tombamento e registro dos nossos bens culturais públicos, aliando a um calendário de projetos que buscam a conscientização da população sobre a importância do tema, como: “Patrimônio é…”, “#Reconectar” e “Circuito #Reconectar”.